
Sol de meio-dia
Véspera de feriado
Estudantes em disparada
Um homem brinca
Com uma lagarta
Suas doze patas
Suas doces pancadas
Trabalho pesado
Suor e cimento
De cima do prédio
Se vê o bandido
Da bolsa ficou
O espelho quebrado
Batom, documento
Dobraram a esquina
Restou o hematoma
E um triste lamento
O homem devolve
A lagarta ferida
Planta acolhedora
A casa bendita
Fechouo sinal
Fecha-se o vidro
Balas, chicletes e panos de prato
Quem foi o culpado
Quem é o inimigo.
Na espuma do cuspe
Desfaz-se em segundos
Na lata amassada
Um último gole
Formiga de sorte
É teu latifúndio.
O grito desperta
A criança dormindo
O grito liberta
O homem caindo
Seu sangue empoçado.
Estava faminto.
O ponteiro paralisa
A fila do banco.
A filha do meio
Na escola primária
Num banco esquecida
Pergunta ao porteiro
Quem é que conhece
O sentido da vida.
Questão tão profunda
Esquece esse troço.
Brinca solitária
Joga amarelinha.
Uma dona-de-casa
Xícara sem asa
A calha entupida
O pai ocupado
Trabalho dobrado
Esquece a maleta
O filho caçula
A marca da agulha
Tomou seu veneno
Sol do meio-dia
Depois do feriado
Estudantes em disparada
Um homem procura
A sua lagarta
Remexe entre as folhas
Perversa ternura
Em cima do prédio
Ensaiando a queda
Um homem de terno
Em vão se pergunta:
Quem é dentre os homens
Ou sábios ou ricos
Quem é que conhece
O sentido da vida.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluiradorei, gosto de ler textos com coisas a mais pra se ler do que apenas as palavras que ali estão escritas.
ResponderExcluirquando der dá uma passada la no meu blog, pra ver as coisinhas que escrevo :)