sábado, 25 de junho de 2011

A Máquina II

Só para cumprir a palavra, a série continua... e acaba aqui!

Você que se perguntou: será que a autora estava pensando nessas coisas na hora de escrever o seu livro ou será que isso tudo é viagem de professor. Aí vão algumas reflexões para movimentar estas ideias e ventilar novos ares na área!

Os autores, no geral, não são criaturas mágicas que surgem da noite pro dia ou que brotam de cogumelos gigantes em chamas na Babilônia. São mulheres e homens indubitavelmente interpelados pelo seu tempo. Mikhail Bakhtin, um teórico russo bem importante, nos lembra que as palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios da vida humana. É percorrendo as marcas desses fios entrelaçados num todo estético – a obra – que interessa pensar na maneira como o texto representa a condição brasileira na literatura. Sobre isso, um outro teórico chamado João Almino escreveu:

O escritor, fiel a sua própria subjetividade, não poderá deixar de ser homem ou mulher de seu tempo e de sua terra, o que legitima a análise do contexto de suas obras. Colocando-as umas ao lado das outras, o ensaísta literário pode vislumbrar a teia cultural e o chão histórico que as une, considerando válido organizá-las e comentá-las segundo critérios histórico-sociais e estéticos, mesmo que esses critérios não tenham consciente ou explicitamente guiado os poetas e ficcionistas no momento da criação.

Viu só, cara/o amiga/o! Mesmo quando não queremos somos capazes de revelar as marcas do nosso tempo, já que é ele que nos constitui. Quando chegamos ao mundo, ele já estava funcionando há muito tempo. Nós somos inseridos numa lógica que está presente na forma de pensar e de nos relacionar. Isso não significa, porém, que somos marionetes da História, robôs que agem sem pensar. Significa que as nossas relações são marcadas pela História, da qual nós também somos agentes.

Assim, vemos na obra de Falcão um choque entre o atraso, o arcaico, simbolizado por Nordestina, uma cidadezinha do interior que sequer encontra lugar no mapa; e o progresso, a modernidade, representado pela metrópole, o Rio de Janeiro.
Nordestina, “lugarzinho sem futuro”, é o lugar do qual todos estão indo ou já foram embora (“Nordestina se dividia entre os que estavam indo embora de lá, os que estavam preocupados com isso e Antônio, que não estava indo embora mas também não estava nem aí”).

Antônio, personagem principal, além de ser o menino do café, o número 19 da folha de pagamento da prefeitura, o filho mais velho de dona Nazaré, é uma espécie de operário das sobras dos que partem de Nordestina, restos que simbolizam as sombras dos antigos habitantes. Em sua oficina encontram-se os mais diversos trastes, os quais Antônio conserta sem saber para que nem para quem. Por isso mesmo ele parece ser o único que resiste em sair da cidade. Ele preserva esses objetos como que para preservar a memória do povo e para garantir a sobrevivência de Nordestina. Será?
Abraço e boa leitura!

domingo, 15 de maio de 2011

A última borboleta


A última borboleta voou
Saiu girando em espirais
Sinuosa num vôo leve e seguro
Vôo de quem sabe o alcance das asas,
De quem tem a destreza da liberdade
De quem sente o cheiro-norte da flor

Hordas de miseráveis a seguiam
Buscando caminhos
Crendo num destino seguro
Iam cegos, guiados pela borboleta solitária
Que ignorava o choro e o ranger dos dentes
Que só pensava em voar, em girar
Como rodas gigantes e moinhos

Hordas de miseráveis em fúria
Abandonando o mundo vazio
De flores-garrafas-pneus
E sementes de podridão
Que se multiplicam
Em terrenos baldios.

Outrora a borboleta pairava
Sobre as águas borbulhantes do aterro
Tornava a tragédia bela
Estetizava o feio numa perversa ternura
Entre fome, tristeza e crua esperança.

Pousada na lata amassada
Compôs um belo quadro do lixo
Cores vivas contrastando como cinza
Que cheirava a morte e destruição
Levantou vôo e foi buscar novas cores
Novos ares, aromas, amores
Seguida pela multidão cega e triste
Que sonha com um mundo
Colorido de borboletas...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Máquina I


A máquina I
A leitura do romance de Adriana Falcão recomendada aos meus alunos motivou-me a começar uma série de postagens com algumas reflexões que podem ajudar a esclarecer, a levantar questionamentos, a suscitar embates intelectuais, emocionais, de ordens diversas. Espero que as postagens sirvam para enriquecer o debate.

A obra de Adriana Falcão, de 1999, interessa-me especialmente por dois pontos. O primeiro deles recai sobre um dilema estruturante das narrativas latino-americanas – a dialética do atraso e do progresso, do arcaico e do moderno, do local e do universal, que, a meu ver, no romance é claramente ilustrado. O segundo ponto trata do que Guy Debord chamou “sociedade do espetáculo”, inevitavelmente ligado aos conceitos de mercadoria e fetichismo.

Dessa forma, os textos que se seguirão estarão versando sobre esses pontos, na esperança de que faça da leitura dA máquina um espaço de diálogo, reflexão e atitude diante da vida.
Abraço e felicidades!

A migração às avessas

Visto superficialmente A Máquina pode parecer, à primeira vista, uma divertida e inocente fábula sobre o amor e o tempo. No entanto, se nos permitirmos uma visada mais demorada e mais analítica, notaremos questões mais profundas e problemáticas merecedoras de um justo debate.

O romance trata da aventura de Antônio no intento de ir buscar o mundo para dar de presente para Karina, por quem é apaixonado. Esse mote é narrado a partir de uma voz aparentemente distanciada que fala do que um tempo “longe que só a gota”, no qual os personagens vivem suas peripécias.

Antônio possui uma relação bastante peculiar com o tempo. Uma proximidade que, inclusive, serve como estratégia para a realização da missão a que se propõe. Essa intimidade de Antônio com o tempo gera a coexistência de temporalidades – presente, passado e futuro – fato que adquire um valor simbólico peculiar sob nossa ótica. Em estudo de 1973, intitulado Literatura e subdesenvolvimento, Antonio Candido, um crítico literário de grande importância em nossas letras, afirma que a coexistência do atraso e do progresso são marcas da história latino-americana. Trata-se de um atraso causado pela condição extrema de dependência econômica, política, mas também literária, cultural. Dessa maneira, a eficácia estética dos textos deixa entrever as marcas dessa dialética no trabalho operado pelos autores, enredados inevitavelmente numa dinâmica histórica que passa a ser internalizada na obra, tornando-se igualmente interna, constitutiva da fatura do texto. Ou seja, no trabalho artístico pode-se perceber questões que influenciam diretamente no nosso modo de viver e de perceber o real.

Assim, quando o romance de Adriana Falcão traz a simultaneidade de planos temporais, parece-nos uma dica de que também entre nós, na materialidade de nossas experiências sociais, também parece haver a coexistência de tempos, de realidades históricas, que apontam fundamentalmente para a nossa complexa história formativa. Basta lembrar que o Brasil surge num contexto de expansão de uma lógica que dá curso ao que hoje chamamos capitalismo, mas para isso precisa se valer de práticas arcaicas como o latifúndio e a escravidão. Isso quer dizer que para o mundo avançasse era necessário que outros mundos amargassem o atraso, a exploração. Essa é a nossa história.

E você deve estar se perguntando o que é que tudo isso tem a ver com A Máquina? Ou será que a Adriana Falcão estava pensando nessas coisas na hora de escrever seu livro? Vejamos nos próximos debates...
Abraço, companheiros!

Reflexões sobre Educação



Tenho afirmado, sem medo das conseqüências, que a educação pública brasileira passa por uma verdadeira crise. Pessimismo à parte, considero que um momento de crise é sempre importante para a evolução. É, como a etimologia já indica, momento de decisão, de mudança. As atrocidades que vemos e ouvimos diariamente são o grito desesperado de uma instituição carente de profundas transformações, de alterações significativas no sentido de fazer com que ela volte a ter significado. Sim, porque o que se nota é que a escola precisa ser ressignificada, precisa repensar o seu papel num mundo cujos valores destoam dos modelos nos quais a maioria de nós fomos formados.
Os professores há muito não representam autoridade. Pelo contrário, parecem cambaleantes nesse entrelugar, misto de psicólogo, de conselheiro tutelar, de policial, de pai e mãe, quando estes faltam em suas vidas. Os discursos professorais que, quando o puro vigor pedagógico falhava, se utilizavam das provas e recuperações como instrumentos de barganha, de negociata, agora soam frágeis diante de uma educação facilitadora que se esforça apenas em comprovar com índices e tabelas a redução das retenções nas escolas de todo o país. Estatísticas que escamoteiam a real condição de um sujeito que vê diante de si uma função de 2º grau sem sequer reconhecer as operações essenciais, impossibilitado de redigir um texto simples contando sua história de privação e exclusão. E essa história precisa ser contada...
Falo de realidades de sala de aula que tenho acompanhado onde os professores se sentem frustrados por não conseguirem, apesar de tanto empenho, um espaço de diálogo, um momento de atenção, um lampejo de curiosidade. Não aquela curiosidade que nos deixa meio desconsertados e nos força a estudar mais para surpreendê-los, mas perguntas, ainda que primárias, que demonstrem o mínimo de vitalidade. Vitalidade que lhes foi roubada por uma escola, produto de uma história de exclusão e privilégios, que mortifica dia a dia os sujeitos amontoados e distribuídos entre projetos que, como promoções-imperdíveis-tipo-casas-bahia, prometem aceleração, progressão e sucesso e só promovem atraso, deficiências e obstáculos. É quase impossível que alunos que, magicamente, pulam da 5º série para o Ensino Médio acompanhem o processo e logrem êxito, posto que as habilidades e competências necessárias para aquele momento da vida foram rabiscados de sua lista, agora transformada numa interminável relação de preconceitos e discriminações a serem enfrentadas.
Faço também deste texto um espaço de homenagem às professoras e professores que se embrenham na estrada sinuosa da sala de aula, que reinventam a cada dia o seu jeito de ensinar e aprendem com esses abalos. Homenageio não por simples elogio ao mérito, mas porque diariamente eles demonstram o que é coragem, esperança e dão pistas de como mudar a realidade.
O fato é que há uma série de questões a serem enfrentadas: o aluno desinteressado, numa escola desinteressante, com professores desmotivados, é levado ao fracasso; os alunos pouco interessados numa escola que pouco lhes proporciona como espaço de crescimento é, muitas vezes, arrastado pela mediocridade reinante de uma lógica minimalista; o aluno empenhado, com desejo de crescer e de enfrentar sua exclusão, em detrimento da escola e dos professores que possui é um milagre. E, embora eu acredite em milagres, prefiro a vivência da religiosidade que diz “o Reino é aqui; é o agora”, que entende que a luta é parte necessária do processo. É enfrentando a realidade que damos o primeiro passo na direção da mudança. De minha parte, estou lutando o bom combate e me empenho em fazer chegar o mais longe que puder as vozes silenciadas pela lógica da exclusão, da marginalização, do desdém do poder público, pois como questiona Drummond, “posso sem armas revoltar-me?”. Sim, podemos!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Irmãos...

Olá,
Depois de tanto tempo sem postar, dou seguimento ao projeto de um poema-para-cada-irmão. Como tenho muitos irmãos, quando terminar terei já uma antologia. Assim seja!
Abraços,
Rafael.

III

Soneto

Em seu rosto as cicatrizes denunciam
Os quinze anos que teimam em não passar,
Juventude perene diluída
Num copo pendente na mesa do bar

Bebe para equilibrar-se na vida
Para entrever no fundo do seu copo
O caos escondido no fundo do peito

Como se cada gole da bebida
Lhe restabelecesse a juventude
Lhe inventasse um mundo mais perfeito

Ama sem saber palavras de amor
Trancafiado na imaturidade
Seu breve sorriso é quase um clamor
De um menino buscando a felicidade.

"E era a vida e a vida era gaiola..."


Aos meus novos alunos

Hoje cedo debatia com meus alunos um poema de uma autora chamada Maria do Carmo de Melo. O poema, intitulado A gaiola, falava da condição do sujeito encerrado nas tantas gaiolas que cerceiam a liberdade do homem. Das gaiolas transmutadas em alianças, em muros, em preconceitos, em impostos, em rotinas, em “tabuletas dizendo é proibido”. Gaiolas tais e tantas que transformam o sujeito em marionete, em um robô de “coração trancado a cadeado”, sem espaço para o inefável, para o sonho, a evasão e o sentimento, reificados e descartáveis como é próprio das coisas. Lembrei do poema de Marçal Aquino com sua “puta mais velha da vila”, que morre solitária em sua casa depois de uma vida inteira marcada por grandes homens (senadores, diplomatas, magnatas); sozinha, pois sabia que um domingo cercada de marido e filhos era também uma prisão. A coragem da personagem de Marçal Aquino tão invejada por milhares de mulheres encerradas em suas gaiolas, por vezes de luxo, denuncia a prisão a que diversas relações se reduzem com o passar do tempo, movidos pelo medo da solidão, da rejeição, do próprio medo, fazemos redomas e encerramos o outro na ilusão de estarmos livres, quando na verdade “guardamos desertos” dentro de nós.
Lembrei-me também da mulher-passarinho do conto de Marina Colasanti que, encerrada numa gaiola, recebia os cuidados constantes do marido que tanto a amava, que lhe trocava o jornal, lhe trazia água e que, no fim do dia, carinhosamente lhe jogava um pano por cima da gaiola para lhe trazer a noite. Uma dia a portinhola se rompe e a mulher empreende novos vôos, busca outros ares, e lembra sem saudade do tempo da escravidão.
O poema da minha aula, embora fale todo e qualquer ser humano atado aos grilhões sociais e reduzidos a atividades, rotinas, conceitos, preconceitos, trouxe-me as dores e angústias das mulheres que, ao lado das crianças, sempre foram as maiores vítimas das diversas faces das gaiolas, disfarçadas em preceitos e princípios, em leis e juramentos, em costumes e crenças. Impossível não pensar na “Gaiola das Popozudas”, chefiada por uma mulher que se crendo livre e dona do seu corpo tem se transformado numa bunda itinerante, que se vende em nome de uma libertação sexual tão falaciosa quanto o volume que carrega em suas costas. Mulheres de Atenas ou do Complexo do Alemão, de Brasília ou do Pará, seguem rompendo suas gaiolas silenciosamente enquanto outras se trancam sem a devida consciência dos seus atos. E como todos nós sabemos, o canto de dentro da gaiola sempre soa mais triste, posto que melancólico, com saudade de voar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Irmãos...


Há tempos venho querendo realizar um pequeno projeto: escrever uma poesia para cada um dos meus irmãos. Uma espécie de homenagem. Muito embora reconheça que os meus caminhos pela poesia não são os mais frondosos, teimo e insisto. De qualquer forma, começo a por em ação. Dedico os poemas que virão a cada um dos meus cinco irmãos, parceiros que dividem comigo a árdua tarefa de existir num mundo tão cheio de competições e de violência. Neles encontro o apoio para enfrentar as duras batalhas que surgem pelo caminho. E mesmo sem ficar declarando isso em voz alta entre nós, sabemos e reconhecemos o valor de ser irmãos, juntos nas adversidades e felizes nas realizações. É isso aí, com o meu amor, Rafael.



I

Foste sempre
Um bom filho
Para um pai medíocre
– Um pai pródigo de filho bom –
Filho terno
Para mãe forte

Sempre justo em suas atitudes
Nunca foste criança
Nasceste homem, homem maduro
E pronto para enfrentar tua sina

Sentado no sofá
Chorava quando o pai ameaçava ir embora
Era cúmplice da mãe castigada pela sandice do algoz
Era pai quando o pai se negava o lugar que a fortuna lhe predestinou
E insistia em soltar pipa e jogar biloca e em correr pelo mundo a fora
Para esquecer o peso de sua vida de adulto
Para achar que não estava só.

Sentiu desde sempre
A dor de cuidar dos outros
E a consolar quando também lhe rebentavam as fibras
Mas isso te fez forte
e hoje o mundo gira como um pião na palma da mão calejada

A vida que embrutece
O sofrimento que endurece
Pelo contrário
Só te fizeram mais lacrimoso
E de teus olhos jorram sangue, suor e saudade
Em tua marmita carregava o amor de uma mãe corajosa

Traz em ti o cheiro de capim-santo
Pão das três, bolinho de chuva,
Cheiro verde, chuva caindo serena
Generosa no dever de espalhar a vida

Teus braços se abrem para o infinito
Buscando as respostas de um tempo perdido
Esperas sentado numa janela de vidro
O instante de ver um futuro bonito

Futuro que vem consertar o passado
Passado interdito pelo bom sofrimento
Marcado que foi pelos cortes do tempo
Esperas de dentro de um sonho o Esquisito
A ventura que vem com o sopro do vento...


II

Não sei ao certo quanto tempo se passou
Entre o menino de outrora e o pai de agora

Embalando a filha com a mão no seu rosto
Ensaiando os gestos do reconhecimento

Decorando as marcas de um ser tão diverso
Que de dentro de si emergiu num momento

Ainda te vejo criança pequena
Tartamudeios e cacos de uma fala confusa

Correndo entre outros, desobedecendo
Os limites que em vão te mostravam os dedos

Da feição infantil e das brincadeiras
Nada se foi com a aventura do tempo

Permanece infante e festeiro e menino
Mas sente pesar o pesar de ser herói

Um herói que não viu a passagem das horas
Que não sabe o tamanho e o temor das tormentas

Que dança de dia para espantar os fantasmas
Que foge para não responder as perguntas

Que insistem em burlar a censura
Das frágeis comportas do seu sentimento

Dos medos que coleciona na gaveta pequena
Está o de ter que crescer num repente

E trair os sonhos que um dia plantou
E que inda hoje não são mais que sementes.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011


Vestida de seda,
De chita, organdi
Branqueia a paisagem,
- Pálida Elvira.
*
Helena, Carlota,
Lolita, Ester.
Seu ser se reveste
Se trocas de veste,
És uma sereia.
Persona: mulher.
*
Poeta maldito,
Perdestes o siso,
Nem sabes teu nome
Mal sabes o que quer.

Te lembro de pronto
Tal qual Mefistófeles
Teu nome é Werther,
Destino: morrer.
*
Cavalga indeciso
Qual redemoinho:
“lançaste feitiço
Pra dentro de mim?”

Caiu tua máscara,
Embuste, falácia.
Te vejo cá dentro,
És Diadorim”.